×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Depoimento de ex-chefe da Aeronáutica ‘encaminha’ condenação de Bolsonaro

Brigadeiro Baptista Jr confirma reuniões no Alvorada em que o ex-presidente teria discutido trama golpista

Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
26 de maio de 2025 - 17h59

O depoimento do ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior, prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na semana ada, pode ser entendido como o o mais largo para levar o ex-presidente Bolsonaro à condenação pelos supostos atos golpistas.

Batista Jr. disse ter participado de reuniões no Palácio da Alvorada em que Bolsonaro discutiu a possível instauração de Estado de Sítio, de Defesa ou GLO. Em outras palavras, uma minuta para um golpe de Estado, que o presidente chamou de estudo. Isso, depois de realizadas as eleições de 2022.

Ainda mais contundente, o brigadeiro confirmou a presença do então Comandante do Exército, Marco Antonio Freire Gomes, tendo ouvido que o general chegou a ameaçar Bolsonaro de prisão. Lembrou que Freire Gomes, “uma pessoa polida e educada”, teria dito, com muita tranquilidade e calma o seguinte: “Se o senhor tiver que fazer isso, vou acabar lhe prendendo”.

Em resumo, o depoimento de Batista Jr. abre a porta da frente para uma possível condenação do ex-presidente face à precisão e detalhes que forneceu sobre o pretenso golpe.

Anistia 2 – Em outra frente, a oposição acaba de apresentar à Câmara dos Deputados um novo texto de projeto de anistia, cuja versão abre possibilidade de beneficiar Bolsonaro. O presidente da Casa, Hugo Motta, deverá se manifestar esta semana a respeito do documento. A iniciativa dificilmente surtirá o efeito desejado.

Pode estar “dando ruim” pro Zé-Dirceu

Seria uma vergonha. Mas chegou a ser uma vergonha anunciada. Em fins de março, o petista José Dirceu, denunciado, condenado e preso pelo esquema de compra de apoio político apelidado de “Mensalão” – depois, novamente envolvido em outra prática criminosa, o Petrolão –, estava todo-todo com o projeto de candidatar-se a deputado federal em 2026.

Contava [e ainda conta] que Lula se reelegendo, o faria retornar ao centro do governo. Quem sabe, até na Casa Civil. A hipótese faz lembrar frase de Geraldo Alckmin sobre Lula: “Ele quer voltar à cena do crime”. Claro, isso foi antes. Desde 2022 o oportunismo falou mais alto.

“Comandante”
Mas, voltando a Zé-Dirceu (que coisa chata!), há 4 ou 5 semanas comemorou seus 79 anos em duas festanças. Na primeira, foi anfitrião num jantar em Brasília onde recebeu boa parte da elite política brasileira, inclusive uma dúzia de ministros do governo petista, que o trataram de “comandante”.

A segunda foi em São Paulo, no galpão do MST. Aberto ao público, os ingressos disponibilizados via link foram esgotados.

Esfriou
Contudo, com o PT-governo enfrentando uma crise atrás da outra – a mais recente (por enquanto), o escândalo de corrupção cruel no INSS, que roubou bilhões dos idosos brasileiros, gente humilde, facilmente ludibriada – o quadro ou a jogar em desfavor do nome do deputado cassado e ex-presidiário.

Ocorre que o Palácio do Planalto ou a avaliar que as circunstâncias mudaram. Se antes, apesar do oba-oba do Zé não ter sido avaliado com profundidade, agora existe o temor de que a imagem de Lula, associada a seu ex-Chefe da Casa Civil, é um prato cheio para a oposição.

Temem que a grande rejeição popular a Dirceu pode tirar votos preciosos de Lula e, pelo andar da carruagem, o risco não vale a tentativa. Em suma: nada mais que o PT sendo o PT – utilitarista como ele só. Afinal, uma figura como a de José Dirceu – salvo se inocentado dos processos a que respondeu, o que não aconteceu – jamais deveria ser cogitado para disputar qualquer cargo e tampouco ter acento no governo. Em qualquer governo.

Por outro lado, Lula pode não ter opção senão ‘pagar a conta’ na hipótese de José Dirceu a estar apresentando. Seria o ado a assombrar o presente.